Olá! Meu nome é Clarissa Donda, sou brasileira e moro em Londres desde 2014. Sou guia de turismo certificada aqui em Londres, e trabalho já há um bom tempo com tours para adultos, crianças e empresas.
Em geral, essa é uma pequena apresentação oficial, e você vai ver muito dessa aqui no site, no cartão de visita, no aperto de mãos. Mas, nessa página, eu queria fazer algo diferente. Esse é o cantinho do blog, que de certa forma é o cantinho do café de um escritório. Onde a gente relaxa um pouco e mostra quem é pessoa por trás do trabalho – e sei lá, eu sempre achei a parte mais interessante!
Queria, então, contar a minha história. Então chega junto, puxa uma cadeira e seja bem-vindo! Quer café?
Eu sou natural do Rio de Janeiro (e sim, falo “chiando”) e sempre trabalhei de certa forma com as palavras. Comecei minha carreira no mundo corporativo, trabalhando nos departamentos de marketing e comunicação de empresas como a L’ORÉAL, Duty Free, entre outras. Entre emails, planilhas e cargas horárias de 9 às (cof, cof) 18 horas, eu planejava viagens pelo Brasil e pelo mundo. Viagem e cultura sempre foram uma paixão minha, mas olhando para trás eu vejo que essa experiência corporativa me deu não só os meios financeiros para isso, mas também me ensinou muito sobre excelência de serviços, transitar por diferentes culturas, organização com o trabalho, boas entregas. Ah, me apresentou muita gente também, Brasil e mundo afora. Foi um privilégio – eu levei para a vida muitas lições aprendidas aí.
No entanto, foi num cruzamento inesperado da vida que traria minha primeira mudança de rumo – e veja bem, estou sendo literal quando falo em “cruzamento”: eu estava sentada no banco de trás, com cinto de segurança.
Fraturei o ombro em um acidente de carro (ironicamente, o cinto de segurança que quebrou o ombro com o impacto, mas também foi ele que salvou minha vida) e, apesar de não ter ficado nenhuma sequela, tive uma recuperação bem chatinha, que me obrigou a ficar em casa, imóvel, por 6 meses. Hoje penso que foi minha primeira quarentena, muito antes do distanciamento social virar “moda” em 2020.
Foi nesse período que, como um exercício para manter a sanidade, eu criei um blog, o Dondeando Por Aí, como um exercício de viajar sem sair de casa e sem nenhuma ambição que não fosse colocar uma palavra após a outra. O nome, “dondeando” veio do meu sobrenome, “Donda”, e nasceu assim mesmo, no gerúndio, porque gerúndio dá a idéia de movimento e eu precisava me sentir indo para algum lugar. Foi assim, contando histórias para os outros, que eu fui me curando. Mais tarde que eu descobri que exatamente isso seria um precioso remédio ao longo da minha vida.
Uma vez que a nova Clarissa, digo, clavícula, estava sarada, eu tomei a decisão de voltar para a carreira que tinha começado, o Jornalismo. Eu queria voltar a escrever histórias e a lidar com pessoas. Em 2012 fiz essa transição: saí dos escritórios para trabalhar como jornalista de viagem.
Além de escrever para o meu próprio blog, eu escrevi também para algumas revistas (Viaje Mais, VoeTrip Linhas Aéreas) e para sites de grandes empresas (Expedia, MasterCard, Iberia Linhas Aéreas). O foco sempre foi voltado para destinos e experiências diferentes, no Brasil e fora. Vale ressaltar que escrever sobre viagem é um pouco menos glamour do que parece, mas foi uma experiência maravilhosa, onde conheci pessoas incríveis que tenho até hoje perto comigo, na minha vida.
E foi nesse contexto que, em 2014, eu resolvi ir topar um novo desafio e me mudei, de mala e cuia, para Londres.
Eu não comecei a trabalhar como guia imediatamente. Levei um tempo para me adaptar e me encontrar por aqui, e durante esse tempo tive outra experiência bem legal: trabalhei em uma empresa de tecnologia como Country Manager. Foi uma experiência fantástica também: internacional, intensa… e também bem desafiante.
Mas como já disse o Steve Jobs num discurso memorável dele, a vida vai te jogando um monte de pontos aleatórios, que a gente só vai começar a ligar bem lá na frente. Nessa experiência tech eu pude aprender muito sobre diferentes culturas e sobre o mercado de tecnologia aqui em UK, mas também me ajudou a me organizar bastante (o app que vendíamos era de produtividade) e essas habilidades seriam fundamentais para eu conseguir fazer outro salto mais adiante: montar minha própria empresa de turismo.
Sobre ser guia e saber o caminho
Eu comecei trabalhando como guia de turismo para algumas agências aqui em Londres, e por coincidência (essa coisa que, sabemos, não existe), eu comecei trabalhando com tours educativos. levávamos grupos de estudantes do mundo inteiro para fazer tours temáticos em Londres: sobre startups, medicina, arquitetura, história.
Eu me apaixonei: juntar educação, viagem e pessoas num trabalho só era ao mesmo tempo, um prazer e um propósito. Decidi que era isso – tours temáticos, divertidos, cheios de conhecimento e prazer – que eu queria fazer dali em diante.
E se nesse tour eu pudesse contribuir com aprendizado de alguém – especialmente crianças! – melhor ainda!
Mas eu sou dessas que quando me comprometo, quero fazer algo sério, seríssimo. Então resolvi me dedicar ao desafio de passar no curso para Guia Blue Badge, a mais alta certificação para guias de turismo na Inglaterra. Pense, é quase um mestrado: são dois anos de estudo intensivo (e suor e lágrimas, como eu costumo dizer), em que aprendemos com os melhores profissionais britânicos tudo o que precisamos saber sobre História, Arquitetura, Business, Monarquia, Sistema legal britânico, Arte, Literatura, Teatro… entre mil outras coisas. Foi, seguramente, o curso mais difícil que eu já fiz na minha vida. Mas se voltasse atrás, faria de novo, tudinho.
Vale que essa jornada e esses pontinhos não vieram sem turbulências. Mas caminho a gente vai descobrindo é andando, e aos poucos eu fui entendendo que o que me tocava é isso mesmo: sou apaixonada por histórias, seja ouví-las, contá-las ou escrevê-las. E foi estudando a História da Inglaterra, esse país tão complexo e multifacetado de guerras, tradições, invenções e conflitos, que a gente aprende que muitas vezes as grandes reviravoltas começam bem pequenininhas, quase despercebidas. E não é muito diferente para a gente: às vezes acho engraçado pensar que essa minha trajetória toda começou com um osso quebrado, lá trás, e um palpite de que as histórias, mais que passar o tempo, podiam curar.
Minha missão é essa: proporcionar à sua família a ter uma viagem inspiradora, cheia de conhecimento e significado, aqui na Inglaterra. Porque acredito que são essas pequenas coisas, e esses pequenos momentos em família nas viagens, os pontinhos que vamos ligar lá na frente para construir algo de valor!
Bom, é isso. É um prazer conhecer vocês!